Resenha: Tormenta, Lauren Kate | Bea Oliveira.

"Quantas vidas você precisa viver antes de encontrar alguém que valha a pena morrer? Como consequência do que aconteceu na Sword & Cross, Luce foi escondida por seu namorado que é um anjo amaldiçoado, Daniel, em uma nova escola repleta de Nefilins - descendentes de anjos caídos e seres humanos. Daniel prometeu que ela estará segura aqui, protegida daqueles que querem matá-la. Na escola, Luce descobre o que as Sombras que a seguiram durante toda a sua vida significam e como manipulá-las. Ainda assim, quanto mais a Luce aprende, mais ela percebe que o passado é sua única chave para desbloquear seu futuro… e que Daniel não lhe disse tudo. E se a versão dele do passado não é bem como as coisas realmente aconteceram?"

Quando terminei de ler Fallen fiquei com muita vontade de ler o próximo livro, Tormenta, porém infelizmente, o segundo livro mal tem história para explicar. 

  Ele começa exatamente onde o primeiro terminou, Luce sai da Sword e Cross e começa a estudar em Shoreline, uma escola para Nefilins - resultados da junção de anjos e humanos -  para que ela não possa ser localizada por seus novos inimigos. Para garantir a segurança de Luce é feito um pacto de trégua de 18 dias entre os anjos e demônios, no qual eles esquecem suas diferenças e unem suas forças para protege-la. 

 Um dos inimigos mais importantes são os Párias - anjos caídos, que se aliaram a Lúcifer, porém quando o mesmo perdeu a grande batalha, o abandonaram e tentaram retornar ao céu, sem sucesso. Como não conseguiram o perdão de Deus, tentaram voltar ao inferno, porém Lúcifer não os aceitou, e com raiva da traição tirou-lhes a visão.

"Ela  tinha feições delicadas e cabelo loiro-clao preso num rabo de cavalo alto, mas havia algo estranho em seus olhos. Eles tinham uma expressão vaga que, mesmo a distância deixava Luce apavorada.[...] Então Cam atirou uma flecha no centro do coração dela. Do outro lado do estacionamento Luce gritou.

[...] - O que acabou de acontecer Cam? Era difícil falar - Quem era ela?

- Uma Pária. - Cam não estava olhando para ela. Estava concentrado no arco de prata em suas mãos.

- Uma o que?

- O pior tipo de anjo. Eles ficaram ao lado de Satanás durante a revolta mas não pisavam no subsolo.

- Por que não?

- Você sabe. Como aquelas meninas que querem ser convidadas para um festa, mas não planejam aparecer. - Ele fez uma careta. - Assim que a batalha terminou, eles tentaram voltar para o céu, mas já era tarde demais."

 Daniel continuou a não contar nada para Luce, sempre dizendo que ela precisaria descobrir tudo sozinha - embora todos os outros a ajudem -, sendo assim, Luce começa a convocar os Anunciadores - sombras viscosas e nojentas que contém momentos do passado distorcidos, distantes ou recentes -, e quanto mais descobre sobre seu passado, mais desconfia da história contada por Daniel.

"Ela fechou os olhos. Disse a ele o que queria ouvir. A escola estava bem. Ela estava bem. Os lábios de Daniel tocaram os dela outra vez, brevemente mas com ardor, até que todo o seu corpo estivesse formigando.

- Tenho que ir - disse ele, finalmente. - Eu nem deveria estar aqui, mas não consigo ficar longe de você. Eu me preocupo a cada momento. Eu te amo, Luce. Tanto, que dói."

 Algo que me irritou muito foi a narração de dia após dia durante o período da trégua, na maioria dos dias nada aconteceu, apenas briguinhas chatas entre Daniel e Luce causadas por motivos bobos. E assim como em Fallen, apenas no final é que as coisas melhoram - um pouco -, mas infelizmente nada em Tormenta conseguiu me convencer ou prender minha atenção. E o mais difícil com certeza foi ter que conviver com a insossa e indecisa Luce, que diga-se de passagem não mudou nada de um livro para outro. Ela conseguiu me irritar tanto, que larguei a leitura varias vezes. Sabe aquela menina sem sal, mas tão sem sal que nada explica como todos os garotos começam a gostar dela, a não ser o fato dela ser a protagonista? Pois é, essa é a Luce.

 O pouco de acontecimentos que tem no livro, surgiu apenas por causa da teimosia da protagonista. Aquela menina não sabe mesmo que é obedecer ordens e orientações, mesmo que aquilo seja o que vai salvar sua vida. E a unica justificativa que tinha para sua teimosia era querer provar que "só ela podia mandar nela". Além do mais, Luce se tornou tão popular na nova escola por sua história com Daniel, que todos passaram a viver em prol dela, e de seus lamentos por estar longe de Daniel, sem saber se o que tinham era verdadeiro ou só uma maldição -_-. 

"Ela só gostaria que amá-lo não tivesse que ser sempre tão difícil."

 Luce também faz amigos na Shoreline, Shelby e Miles. Shelby, me deu a sensação de que assim como a maioria dos outros, não passou de alguém para preencher o espaço, já Miles foi colocado na trama propositalmente, para criar aquele ar de amor triplo que agrada os fãs, mas ele não passou de uma marionete para criar polemica no livro.

Daniel foi uma incógnita, e quando finalmente aparecia na trama era apresentado como o oposto de romântico e par perfeito. Pena que é um anjo e não pode morrer, ou eu mesma o mataria!

 Outro personagem que sumiu completamente neste livro foi o Cam, suas aparições eram minimas, e me deixou com a sensação de que a autora esqueceu do personagem.

"- Eu nunca quis machuca-la Luce, nunca.

- Foi por isso que convocou todas aquelas sombras para a batalha, quando eu estava no cemitério?

- O bem e o mal não são tão preto no branco como você pensa. - Da janela ele viu os edifícios da Shoreline, que parecia escura e desabitada. - Você é do sul, certo? Então deve compreender que os vencedores têm a liberdade de reescrever a história. Semântica, Luce. O que você acha do mal... bem, para o meu pessoal, é um simples problema de conotação."

 O único ponto do livro que me agradou foi os parceiros Steven e Francesca - um demônio e uma "anja", que formavam um casal, além disso eram professores da escola, sempre trabalhando juntos para não influenciar nenhum aluno Nefilim a escolher um lado na grande luta Deus vs Diabo.

  A escrita de Lauren Kate é um tanto amadora e contem muitas falhas em suas descrições, turnos de falas e mudanças de cenário e tempo. Algumas páginas tive que reler inúmeras vezes, para entender o paragrafo ou diálogo presente nela, e isso atrapalhou bastante o fluxo de leitura.

 Mesmo com a narrativa em terceira pessoa, Lauren insistiu em mantê-la focada somente em Luce, e fico triste em dizer que não presenciei nenhuma evolução em sua escrita. Foi uma leitura forçada e incômoda. Recomendo para quem leu Fallen evitar dor de cabeça e não continuar a ler, afinal são cinco volumes e em Tormenta nada de relevante é realmente revelado.

- Poxa, Bea.