17/10/2016

Resenha: Nº 1643, de Fochetto Jr | Bea Oliveira.

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"Que língua é essa, que tornada escrita, registro literário, continua ecoando em nossa mente, em nosso coração? Que se descortina sem se deixar ouvir por completo? Que papo é esse? Que língua é essa? Que história é essa? Onde se passa? Em que ano?


O livro conta a história da Camila, uma personagem sem nada que a torne realmente real. Ela vive apenas na nossa imaginação e na do autor.

" [...] do sexo feminino, com cabelos lisos, curtos e tingidos de vermelho ( ou já seria ruiva? Não sei  dizer ao certo [...] moça na faixa de seus vinte e cinco anos, magra, de estatura média, branca. 
Freud explicaria isso? Como?"



Camila está de mudança para a casa na qual vivia o antigo amor de seu amigo, A casa, moradia da Falecida, e ao pisar neste lugar, coisas estranhas passam a acontecer, e  Camila passa então a se comunicar com o leitor através de seu diário.

"Devem os mortos ter uma casa? Uma casa como esta em que agora vivo? Como esta que D. emprestou-me? Em que vivera A Falecida, antiga paixão de meu amigo W.? Então eu vivo nesta casa dos mostos? Mas... um momento: a "Falecida" vive, pois. E...? [...]
 Sim, sim, sinto que há outras pessoas aqui. Mas parece - ou é como se assim fosse - que elas vivem numa espécie de realidade paralela, obscura, diferente. Algo incomum, que sei lá. E que - isso poderá soar mais estranho ainda, eu sei, mas...- elas não estão nem aí comigo! Isso é que é estranho. E parece que o fantasma desse lugar sou eu."

Enquanto relata eventos que estão acontecendo na casa, temos relatos também de crenças e experiências particulares da personagem. Dividindo, assim, o livro em dois tempos: o que está acontecendo durante sua moradia na casa, e pensamentos aleatórios. Esta divisão faz com que a personagem comece a ganhar vida, já que assim como nós leitores, Camila viaja por dois planos, o da realidade e o de seus pensamentos.

A partir dos seus pensamentos podemos começar a acrescentar características à personagem, que mostra-se com uma enorme personalidade.

"Eu sou um fluxo consciente! Eu sou quem eu sempre quis ser!"

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O livro me conquistou desde seu prefácio, pois com uma leitura leve e ao mesmo tempo complicada, nos vemos presos na casa assim como a personagem, vivenciando os mesmos medos, e tentando assim como ela descobrir um pouco mais sobre os segredos que aquele lugar esconde. A Falecida ainda vive? O que aquele lugar tem de tão especial?



Só posso parabenizar o autor, que com tanto carinho me enviou seu livro, e lhe agradecer por me conceder o privilegio de lê-lo. Nº 1643, vem para despertar um fluxo de emoções dentro de nós, que em dado momento não seremos mais o leitor, e sim os próprios personagens.



- Poxa, Bea.

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