09/01/2019

Resenha: Suicidas, de Raphael Montes | Bea Oliveira

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Um porão, nove jovens e uma Magnum 608.
Um porão, nove jovens e uma roleta-russa com as suas próprias regras.
O que aconteceu ali é algo intrigante, e a polícia tenta entender o que os levou a essa decisão.
Um porão, nove jovens e um caderno com anotações em tempo real dos suicídios.


A história acontece um ano depois de uma roleta russa, a investigadora de policia, responsável pelo caso decidiu juntar todas as mães dos jovens mortos, em uma reunião informal, a fim de mostrar uma prova que finalmente poderia desvendar o que ocorrera no dia 07 de setembro de 2008. A prova é um livro, escrito por Alessandro, um dos suicidas, que conta em detalhes tudo o que acontecera naquela noite.
A narrativa é composta de três tempos: 1º a reunião da investigadora Diana com as mães dos jovens, 2º as anotações pessoais de Alessandro antes do ocorrido por meio de um caderno encontrado em seu quarto, e  3º o livro que conta a noite da roleta-russa. Dessa maneira, a leitura desde as primeiras páginas nos dá a sensação de não estarmos vivenciando os fatos, mas conhecendo os detalhes do que levou a ele.


"Tentei desviar o olhar, mas não consegui. Minha própria dose de sadismo me fazia querer ver cada detalhe do ato. Sou curioso. Assim como você, leitor, que percorre com avidez estas linhas, eu queria saber exatamente o que ia acontecer. Por mais macabro que fosse. Por mais louco. E não me importo. Não se importe você também. Ninguém está olhando... Ninguém vai nos condenar por estes segundinhos de sordidez..."

Os acontecimentos se passam no Rio de Janeiro.  Alessandro é um garoto de classe média, muito amigo de Zac, um menino milionário. Zac é do tipo de garoto que consegue tudo o que quer. Além deles, Ritinha é a gostosa pouco inteligente, Waléria é a gorda, Noel o feio que morre de amores pela gostosa, Maria João é a feminista, seu irmão Lucas, o gótico suicida, Otto, o gay e Dan, o garoto com síndrome de down. Sim, um garoto com síndrome de down também faz parte do grupo de suicidas.


Suicidas é o primeiro livro de Raphael Montes, relançado em 2017 pela Companhia das Letras, e de longe é o melhor trabalho do autor -  em minha visão -, pois revela a audácia de Montes ao desenvolver enredos e narrativas, e seu talento para caracterizar personagens. O livro, assim como nos demais do autor explora a mente humana, e as personagens são exploradas de forma muito intima e característica. 

Muitos haviam me falado do final surpreendente de Suicidas, e talvez, se eu tivesse conhecido o autor por meio deste livro tivesse me surpreendido, mas como não foi o caso, compreendi o que aconteceria no meio da trama, e assim, já imaginava seu desfecho. O que não tornou a leitura menos impactante.



- Poxa, Bea

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